Elevação dos custos de matéria-prima e energia puxam os volumes para baixo
A produção de químicos de uso industrial caiu 0,74% no primeiro bimestre de 2019, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim. Apesar de a queda ser pequena em relação ao mesmo período do ano passado, ela acontece sobre uma base de comparação baixa, sendo este o pior início de ano para o setor desde 2011.
As vendas dos produtos químicos fabricados no País para o mercado doméstico caíram 4,24% no primeiro bimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, o consumo aparente nacional (CAN), que mede a produção mais importação menos exportação, teve alta de 7,5%. Nos dois primeiros meses do ano, as importações, em volume, cresceram de forma acentuada, 29,8%, e em quase todos os grupos analisados.
“A demanda final cresceu, entretanto, a produção local de químicos foi afetada pela elevação do custo de aquisição do gás natural, usado como matéria-prima e fonte de energia pelo setor, em vários estados, em especial São Paulo; pelo anúncio da hibernação das fábricas de fertilizantes da Petrobras, na Bahia e em Sergipe, também atribuída à falta de competitividade do gás natural; e problemas com fornecimento de energia, sobretudo em decorrência das fortes chuvas que atingiram o País. Esses fatores fizeram com que a utilização da capacidade instalada fosse de 72% no primeiro bimestre”, explica a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
Na análise dos últimos 12 meses, sobre os 12 meses imediatamente anteriores, os índices de volume também são negativos: produção caiu 3,49%, enquanto as vendas internas recuaram 2,59%. No mesmo período de análise o CAN cresceu 1,8%. No entanto, o volume importado ganhou espaço sobre a demanda, crescendo 6,4% sobre igual período anterior. Também pela falta de competitividade da indústria local, as exportações recuaram 11,7%. A participação das importações sobre o CAN foi de 38% nos últimos 12 meses, valor um ponto superior ao que se verificou em todo o ano passado (37%).
“É fundamental encaminhar as reformas estruturais, como a da previdência, ainda no primeiro semestre do ano para que o Governo possa atacar outras questões relacionadas à carga tributária e à logística. O setor tem expectativa positiva sobre o recente anúncio do Ministro da Economia, Paulo Guedes, que pode trazer a tarifa do gás natural para patamares mais competitivos. O gás produzido localmente custa mais caro do que o importado por diversos países, que acabam sendo mais competitivos que o Brasil na indústria química. Essa mudança precisa acontecer no menor espaço possível de tempo, antes que o Brasil desative a produção de mais plantas, como tem acontecido no período recente”, afirma Fátima.